Uma relação-BDSM pode apresentar vários graus de profundidade. Pode ser apenas virtual no início e depois ir evoluindo e cada vez ficando mais intensa. Quando uma relação sai do virtual e passa para o real, geralmente acontecem sessões esporádicas entre o casal e com o tempo, caso eles desejem isso, a relação pode chegar a ser em tempo integral, 24 horas por dia, 7 dias por semana, daí a expressão 24/7, embora talvez melhor expressão fosse 24X7. Nessas relações, o vínculo-BDSM é integral; a despeito de não ocorrerem sessões e práticas o tempo todo, o domínio persiste, sendo que certos ritos e atitudes podem ser convencionadas para momentos mais descontraídos, quando não se está em sessão. Não se está dizendo que a(o) escrava(o) ficará recebendo chibatadas ou sendo amarrada(o0 o tempo todo, mas sim que o tempo todo tal pessoa estará à disposição do TOP, que poderá requisitá-la para alguma prática que o satisfaça a qualquer hora. Parece requisito essencial do 24/7 que o casal more junto ou ao menos muito próximo, de modo que o dono(a) possa dar ordens à escrava(o) quando quiser. No 24/7 ainda existem as safewords: a escrava pode se negar a fazer práticas específicas se isso ferir seus limites.
O próximo estágio em termos de entrega é uma relação “consensual não-consensual”, na qual a escrava(o) pode até expor seus limites (ou deixar que o TOP vá descobrindo), mas em que ela não poderá usar uma safeword para recusar determinadas ordens. O único direito que a escrava(o) tem é de sair da relação, todavia, enquanto estiver nessa relação, terá de obedecer qualquer ordem de seu dono. Nesse nível de intensidade, a escrava(o) tem de escolher bem o dono a quem se submeterá, porque estará inteiramente a seu dispor, facultado a ela o direito de desistir da relação como um todo, conforme dito acima. Tal tipo de relação supracitada se costuma chamar TPE – Total Power Exchange (Troca Total de Poder): todo poder é conferido ao TOP, que deve saber usá-lo de modo a adequar suas ações ao São, Seguro e Consensual.
Entretanto, existem variações desse tipo de relação, em que os participantes resolvem convencionar que nenhum deles ou que somente a escrava(o) não poderá dizer que quer sair e desistir da relação como um todo. Esse tipo de relação, que nega o direito de desistência somente da escrava(o) ou também do dono, é eticamente condenada e na maioria das vezes ilegal, pois todo ser humano tem o direito de escolher com quem conviver e se relacionar, sendo um direito inerente a nossa condição de seres humanos. Logo, ao menos o direito da escrava(o) e/ou do dono de acabar com a relação deve ser preservado e mantido intocado.